Seja por vontade própria ou por falta de apoio, assumir a responsabilidade de ser mãe e pai ao mesmo tempo não é tarefa fácil. Para algumas mulheres, o desafio de exercer as duas funções é motivo de insegurança e solidão. Já para mães como a professora Déborah Patrícia, de 26 anos, a experiência é um exercício diário de coragem e amor pelo filho Gustavo Rodrigues, de cinco anos. “Sou uma supermãe, porque meu filho me fez assim”, ressaltou Déborah, que concilia a criação do primogênito a três empregos e ainda, a atividades físicas diárias para manter a boa forma.
“Tudo o que eu faço é pensando no meu filho. Abro mão do que for preciso, do mesmo jeito que abri mão de um casamento superficial por ele”, destacou Déborah. A união com o pai de Gustavo ocorreu quando ela tinha 18 anos. Já a notícia da maternidade surgiu três anos depois.
“Comecei minha vida muito cedo, aos 17 anos já trabalhava e aos 21 eu já estava formada. Foi quando o Gustavo veio. Eu estava em ótima fase, sempre fui independente. Quando meu filho completou três anos, percebi que a rotina de trabalhos do pai o fazia muito ausente e, quando ele tinha tempo, estava sempre cansado e não tinha paciência para cuidar do Gustavo. Foi quando eu decidi que era melhor ele longe do que fazendo o Gustavo passar por situações que ele não precisava passar”, explicou.
Sem família residente em Manaus, Déborah contou que a falta de suporte nas atividades de rotina não chegou a gerar problemas para mãe e filho. De acordo com a professora, o dia da dupla começa logo cedo, às 6h. Após caminhar com o filho até a escola, onde Gustavo estuda em tempo integral, Déborah está pronta para o segundo compromisso do dia, na academia. Depois de duas horas de treino, ela segue a pé para o primeiro trabalho, em uma escola situada na Zona Norte de Manaus. Déborah inicia o segundo expediente às 13h como apoio técnico no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Às 17h a “jornada” está próxima do fim. Após pegar três ônibus para se deslocar da Zona Centro-Sul à Zona Norte da cidade, ela leciona aulas de ciências e biologia para alunos de uma instituição pública de ensino.
Mesmo com tempo curto, ela destaca que deixar e buscar o filho na escola é atividade obrigatória. “É uma loucura, mas dá certo. Às vezes ele reclama que eu demoro pra buscá-lo mas eu sempre vou. Ele foi de condução durante um mês, mas como toda vida ele vivia comigo, ele sempre foi muito apegado e sentia falta de ter a mamãe deixando na escola e pegando depois”, contou Déborah, que afirmou ainda que a ajuda de amigas professoras é essencial para “quebrar um galho” em situações de emergência. “Se ele quiser fazer alguma coisa depois da escola, dia do cinema, dia da panqueca, eu faço. Às vezes ele inventa e eu mimo mesmo ”, disse.
Segundo Déborah, fazer uma programação prévia é essencial para a boa administração das atividades pessoais e familiares. Contudo, a professora relatou que já precisou pedir demissão de pelo menos dois empregos, para se dedicar ao filho. “Quando ele completou um ano ele teve uma gripe muito forte que os médicos disseram que era um princípio de pneumonia. Eu não podia abrir mão do meu filho pelo trabalho, então eu pedi pra sair da escola em que eu trabalhava pra dar atenção pra ele. Foi uma época em que eu só tinha uma bolsa. Ficou apertado, mas era a minha única opção”, lembrou.
Em 2013, um acidente durante um passeio resultou em um dos momentos mais difíceis na vida dos dois, segundo Déborah. Gustavo caiu e quebrou o braço direito em duas partes, e perdeu parcialmente os movimentos do membro. “Nessa época eu tive que pedir ajuda da minha mãe. Ela veio de Fortaleza pra Manaus e eu tive que parar de trabalhar de novo. Foi difícil pra mim, pois ele fazia fisioterapia todos os dias e perdeu um pouco da autonomia com a perda dos movimentos da mão. Ele demorou pra evoluir, o osso não calcificava. Foi complicado”, contou ela que, além de dar apoio ao filho, o ensinou a criar habilidades com a mão esquerda, como a escrita, durante a recuperação.
Nos dois finais de semana em que Gustavo fica com o pai, por determinação da Justiça, é quando ela aproveita para sair com as amigas ou ir ao cinema. Questionada sobre a possibilidade de casar novamente, Déborah disse que não tem pressa. “Penso em casar de novo, mas não sei se teria outro filho. A pessoa que estiver comigo precisa proporcionar uma convivência saudável com o filho. Eu só permito entrar na minha vida se respeitar o nosso espaço”, contou ela ao revelar que se considera sim uma "super mãe".
"O meu melhor sorriso é pro meu filho. Teoricamente eu não poderia ter o Gustavo, pois tenho um problema nos ovários, então ele é mais que um presente pra mim. O melhor de mim é pra ele e ele reconhece isso dizendo 'mamãe a senhora é médica, porque a senhora cuida de mim', 'mamãe a senhora é cozinheira, que delícia de almoço'. É uma troca, porque ao mesmo tempo em que ele faz eu me sentir 'super', eu faço o máximo pra ele se sentir 'O cara', concluiu.
G1






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