Nem Jesus nem Cristo.
Rogério Micale havia dito que se não obtivesse êxito ofensivo com Neymar, Gabriel Jesus e Gabriel, poderia recorrer aos reservas Luan e Rafinha. Se nem isso desse certo, só Jesus Cristo!
Jesus perdeu um gol sem goleiro e Cristo não estava no banco de reservas. Apenas um detalhe de um Brasil x África do Sul em que, por alguns momentos, o mais desavisado espectador pode ter trocado as bolas.
De verde e amarelo, com bola no chão, triangulações, velocidade na transição ofensiva e ocupando o campo adversário, quem pareceu ter sido montada sob os conceitos de Rogério Micale,
principalmente no primeiro tempo, foi a África do Sul. O Brasil lembrou um desses últimos Brasis quaisquer que passam despercebidos na história.
A partida foi equilibrada, o que já indica um acinte dada a diferença de experiência e preço das equipes. Neymar, terceiro melhor do mundo em 2015, foi superado individualmente por Dolly, garoto sul-africano que, pelo lado esquerdo, criou, driblou e finalizou. Só não fez gol.
Inexplicavelmente, o Brasil fez tudo ao contrário do que ensaiou e pregou durante 17 dias. Um time apressado que abusou dos cruzamentos na área para um ataque de baixa estatura. O trio ofensivo, de quem se esperava brilho e entrosamento com a bola e suor e pressão sem ela, demonstrou pouquíssimo disso. Gabriel foi o melhor.
Neymar errou demais – apesar de ter sido imensamente acionado e de sua incrível técnica de finalização que permitiu três chutes perigosíssimos de fora da área – e foi desarmado até com facilidade por uma leva de sul-africanos. Gabriel Jesus, escondido entre os zagueiros adversários, perdeu a melhor chance ao chutar na trave, sem goleiro.
Lado a lado, Renato Augusto e Felipe Anderson não formaram boa dupla. Além de muito estáticos para o “organismo vivo” que pede Micale, Renato na esquerda e Felipe na direita, não se aproximaram. A tentativa de jogar Gabriel para dentro enquanto Felipe Anderson passava por suas costas no lado direito não prosperou.
Até Mvala ser expulso, no segundo tempo, o Brasil não conseguia ser superior. Criava chances pelo talento individual de seus jogadores, mas as ideias que se aplicam a um time moderno não se materializaram. Quando Luan e Rafinha entraram em superioridade numérica, a África do Sul se limitou a defender. Nem assim os anfitriões venceram. Graças também a Khune, goleiro que justificou a convocação para uma das vagas acima de 23 anos. Ele é titular da equipe principal de seu país.
Para domingo, o Brasil tem lições de casa a fazer. Micale pede um time de movimentação. Neymar não saiu da esquerda nenhuma vez. Seus movimentos se tornaram manjados, tanto quanto o posicionamento de Gabriel Jesus e a saída de jogo alternada entre Renato Augusto e Felipe Anderson.
Se a transição ofensiva tem de ser mais rápida, os zagueiros precisam tentar jogar ainda mais adiantados, levarem mais a bola. O Brasil tem time para ser mais. Bem mais. E não pode jogar no lixo tudo que ensaiou durante 17 dias, por menor que seja o período de assimilação de um “novo futebol”.
Globo Esporte







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