Uma campanha que já pode ser chamada de histórica. Quem olhou a chave de Thomaz Bellucci na Olimpíada deve ter pensado: "Se passar da estreia é sorte". Mas não. O paulista, que muitas vezes é injustiçado pelo torcedor brasileiro, foi provando a cada jogo, desde o início da Rio 2016, que é possível sonhar mais alto. Depois da queda de Marcelo Melo e Bruno Soares na terça-feira, a pressão caiu ainda mais sobre Bellucci. E, nesta quinta, ele fez mais um resultado incrível. Empurrado pela torcida na Quadra 1, derrotou o favoritíssimo belga David Goffin, número 13 do mundo, por 2 sets a 0, parciais de 7/6 (12-10) e 6/4 em 1h59, e já iguala a campanha de Gustavo Kuerten, em Sydney 2000, quando caiu para o russo Yevgeny Kafelnikov nas quartas de final da competição. Mas, Bellucci tem sonhos mais ambiciosos.
- É claro que o Guga é um cara incomparável. É difícil comparar o que o Guga fez no cenário nacional. Então, para mim, eu vejo mais como uma meta pessoal minha ou objetivo traçado e cumprido até agora meu. Tenho feito até agora uma grande semana. Ontem (na realidade, terça-feira) já falei que, mesmo se saísse com a derrota ficaria feliz porque tinha dado meus 100% dentro de quadra e jogado com a torcida. Acho que isso foi o mais importante essa semana. Ganhei o carinho da torcida, todo mundo torcendo para mim e a atmosfera tá sendo incrível para mim. É entrar no próximo jogo dando meu melhor. Estou feliz com o que tem acontecido até agora, mas acredito que posso ir mais longe ainda. O objetivo não é parar aqui não. Eu não estou satisfeito ainda. Quero ir mais longe - decretou o brasileiro.
Na próxima rodada, o desafio será gigantesco. Do outro lado da quadra terá o multicampeão Rafael Nadal, medalha de ouro em Pequim 2008 e que, até antes da Olimpíada, não sabia se jogaria por conta de uma lesão no punho esquerdo. O confronto acontece nesta sexta-feira, na Quadra Central do Centro Olímpico de Tênis, e quem dirá o que pode acontecer jogando mais uma vez no embalo da torcida? O brasileiro deixou a quadra nesta quinta mais uma vez ovacionado e teve seu nome gritado pela galera.
Um dos caminhos para, quem sabe, surpreender Nadal seria o fato de que o espanhol ainda vai atuar mais duas vezes nesta quinta-feira nas duplas masculinas e duplas mistas. No entanto, Bellucci não acredita que o espanhol chegará cansado, ainda que venha em recuperação de uma lesão no punho.
- Não muda não (a maneira de jogar). O Nadal é um cara que fisicamente é muito forte. Então, mais duas duplas para ele não acho que vai ser um negócio tão cansativo. Taticamente dentro da partida tenho que me portar igual (...) Todo mundo o conhece, sabe que é um dos melhores de todos os tempos. Vamos ver... Vou entrar na quadra solto e verei se consigo fazer um bom jogo para sair com a vitória - disse.
O jogo
A vibração do público que compareceu em peso na quadra central na noite de terça-feira não estava lá. Com muito menos gente na arquibancada por conta do horário - pouco depois de 12h - Bellucci entrou um pouco desligado contra Goffin na Quadra 1. E o belga, com um jogo muito eficiente defensivamente, contou com erros não forçados do brasileiro no início do jogo para logo fazer uma quebra no terceiro game. No quinto, seguiu incomodando e teve outros três break points. A torcida empurrou, Bellucci sacou bem e conseguiu manter o serviço, diminuindo a diferença para 3/2.
Goffin continuava melhor e teve outras duas chances de quebrar o tenista da casa, que novamente tirou forças para manter o saque e vibrar bastante no sétimo game. O problema é que o belga estava bem demais no serviço e não dava oportunidades para o brasileiro conseguir incomodá-lo. Porém, aos poucos, a torcida começava a chegar em maior número na Quadra 1 e o apoio a Bellucci crescia. Quando Goffin sacava para o set em 5/4, o canhoto do Tietê jogou bem demais e, numa bola fora do rival, conseguiu a quebra para se manter no jogo. O público foi ao delírio. Goffin voltou a conseguir o break sobre Thomaz e sacou de novo para fechar, mas o brasileiro foi bem e novamente igualou as coisas, levando para o tie-break.
E no desempate do set é que as coisas ganharam uma tensão impressionante. Foi um jogo de muita variação. Bellucci começou com mini break, Goffin devolveu e os tenistas foram disputando cada ponto como se fosse o último. A torcida ia junto com Thomaz e pressionava o belga, que passou a errar mais do que ao longo do primeiro set. Goffin foi o primeiro a ter set point em 6-5, mas Bellucci foi valente e virou o jogo, tendo a chance de fechar a parcial com 7-6. Virou drama. Cada ponto ia para um lado, o brasileiro seguia desperdiçando chances de matar o set, até que numa bola fora de Goffin, veio a vibração de Bellucci e do público. Vitória por 12-10 no tie-break.
O segundo set foi novamente de tirar o fôlego. Mas, dessa vez, porque os tenistas erravam pouco. Goffin encaixava bons saques, e Bellucci respondia na mesma moeda. No entanto, a Quadra 1 já estava praticamente lotada. A energia era totalmente favorável ao brasileiro e colocava enorme pressão sobre o belga. Bem na recepção, o canhoto do Tietê aproveitou apenas um game mal jogado pelo rival para conseguir a quebra no sétimo game, fazendo 4/3. Com o saque, Bellucci encaixou bem e abriu vantagem, com 5/3. Goffin até quis endurecer o jogo, teve o break point no 5/4, mas Bellucci novamente foi bem nos serviços e fechou o jogo num voleio curto para vibrar demais com o público após o ponto. O Brasil está nas quartas de final.
Globo Esporte








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